sábado, 23 de junho de 2012

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A construção da Subjetividade e do corpo da mulher
A subjetividade é resultado da interação do indivíduo com as influências socioculturais, sendo modelada de acordo com os comportamentos, com os valores e com os sistemas econômicos e políticos de cada sociedade. O sujeito constrói a sua subjetividade na relação com o mundo e com outros indivíduos, tal construção é fruto do que aprendemos na família, na escola, com os amigos e através dos meios de comunicação. A mídia impõe padrões estéticos, éticos e políticos, atingindo, assim, a sua subjetividade por meio das suas mensagens. Ela usa as suas estratégias de “marketing” para criar desejos, anseios e angústias, a fim de que os sujeitos consumam o que ela lança no mercado.


A sociedade capitalista e a sua mídia superstimam o consumo de signos culturais para camuflar a dimensão econômica dos produtos, então compram-se estilos e atitudes e não os objetos oferecidos. Assim a mídia influencia o modo como o sujeito contemporâneo se percebe e se relaciona com o mundo, ou seja, a sua subjetividade e a sua maneira de pensar, pois, ao adquirie certos produtos, ele crê que se apropria de uma nova forma de existir, ou seja, a sua subjetividade também é construía a partir do que é transmitido pelos meios de comunicação de massa, fazendo com que, no caso das mulheres, elas construam suas “verdades”, através do que as toca e com o que se identificam na mídia. A frustração ao consumir um produto é ainda maior do que a de não consumí-lo, pois ele foi associado a um sonho que não pode ser realizado apenas com um produto, continuando o consumidor na eterna insatisfação. No caso da mulher, foco do artigo, o consumo de roupas ou objetos pode chegar a um ponto de a mulher não saber quais são suas características e quais foram apropriadas da sociedade. Reflita sobre estes comerciais da empresa O Boticário:

Fonte Imagem: Comercial O Boticário (Frase: “Era uma vez uma garota branca como a neve, que causava muita inveja não por ter conhecido sete anões. Mas vários morenos de 1,80 m”.)

Fonte Imagem: Comercial O Boticário (Frase: “Gabriela vivia sonhando com seu príncipe encantado. Mas, depois que ela passou a usar O Boticário, foram os príncipes que perderam o sono”.)

Fonte Imagem: Comercial O Boticário (Frase: “A história sempre se repete. Todo Chapeuzinho Vermelho que se preze, um belo dia, coloca o lobo mau na coleira”.)

Fonte Imagem: Comercial O Boticário (Frase: “Um belo dia, uma linda donzela usou O Boticário. Depois disso, o dragão que ela tanto temia ficou mansinho, mansinho e nunca mais saiu de perto dela”.)
A mídia é uma manifestação cultural, que interfere na maneira de organizar a subjetividade e atinge questões peculiares ao gênero e à representação corporal, o modo de viver construído na cultura original dá lugar a identidades que se transformam de acordo com o que rege o mercado e a mídia. A mulher, então, assume um modo de existir flexível para se adaptar ao mercado, adquirindo novos valores, hábitos, etc. Situação na qual percebemos a articulação entre a subjetividade da mulher , seu corpo e a mídia em uma relação opressor-oprimido, na qual as mulheres (oprimidas) adotam uma atitude de adesão em relação ao opressor. O ideal de corpo preconizado pela sociedade leva a mulher a uma insatisfação com seu corpo podendo provocar distúrbios diversos, principalmente alimentares, a mulher então, desenvolve uma maneira alternativa de enfrentar a situação, caso ela não consiga se adequar aos padrões da sociedade. A indústria do corpo está a serviço da produção capitalista, criando a ilusão de que com o corpo “idealizado” a mulher será mais feliz. Esquecemos que ao padronizar  corpo, negamos a singularidade do detalhe. Reproduzir modelos já estabelecidos sigmifica que o ser humano perde sua originalidade e as particularidades do seu modo de existência. (Anexo 3 - Assista à propaganda da empresa O Boticário – Acredite na Beleza e reflita: http://www.youtube.com/watch?v=VSufIPIEF4M

 


A influência da mídia na subjetividade da mulher e nas concepções do corpo feminino

A produção publicitária, com motivações mercadológicas que se vinculam à ordem do desejo insaciável usa o corpo feminino para atrair interesses econcômicos. Estas estratégias capitalistas começaram a ser implantadas a partir das décadas de 50 e 60, onde os indivíduos passaram a consumir não por necessidade, mas pelo desejo – insaciável - de ter. A função da chamada “indústria cultural” é, justamente, disseminar através da mídia uma maneira de se comportar, uma forma de existir, seguindo padrões determinados pela própria mídia e baseados no capitalismo, forma essa que interfere na construção do senso de identidade, sobre como ser homem ou como ser mulher, construindo discursos, significados e até sujeitos. (Anexo 4 - Vejamos o comercial citado abaixo...e reflitamos também sobre ele. http://www.youtube.com/watch?v=GkNuYLhdujI)


 
 

Fonte Imagem: Comercial Hope


(Quantos de nós questionamos o comercial na primeira vez que o vimos? Ora, sabemos que o capitalismo dociliza corpos, assim como quartéis, prisões, igrejas... cabe a nós não permitir que sejamos apenas corpos, sem significações ou subjetividades, mas precisamos nos dotar de autonomia para pensar nossa sociedade não como nos impõem – pois perpassa a simples influência -, mas através de um senso crítico que abra nossos olhos e mentes para além do que nos é oferecido pela mídia, como anexo 5, para reflexão, proponho um vídeo de uma menininha questionando o sexismo em relação aos brinquedos que tem que escolher, no link http://www.youtube.com/watch?v=Lpp4Zt4caZY existe a opção de ativar a legenda em português).



 O corpo, nos dias atuais é pouco de espontaneidade, naturalidade e erotismo, pois foi condicionado pelos interesses da sociedade capitalista, os consumidores são controlados e manipulados no sentido de desejar aquilo que não têm qualquer necessidade real.
Trazendo para a questão do gênero, os meios de comunicação impõem um tipo ideal de mulher: magra, elegante, vestida com roupas da moda e independente; o que estimula a padronização estética - associada a produtos, é claro – atribuindo “status” ao corpo da mulher, que passou a ser investido, como objeto de consumo, DOTADO DE VALOR MERCADOLÓGICO. Temos, pois, o sujeito narcísico, o qual elege a si mesmo como objeto de amor, peça fundamental para um investimento narcísico no corpo feminino, no sentido de simbolizar prestígio e diferenciação orientados pelos signos da moda, porém, o sujeito aspira ser o objeto de desejo do outro, tentando se identificar com o sistema de valores dominante. Hoje, por exemplo, a mulher, ao consumir um produto da moda tem a sensação de sentir-se mais bonita, mais atraente, então a mídia estimula o consumo para que a mulher tenha esse tipo de sensação. O resultado disso é a perda da consciência crítica e a produção de uma consciência feliz. Muitas vezes o sujeito se aliena da sua responsabilidade, ao permitir a legitimação da relação entre corpo e consumo, não tomando consciência de que ele é o agente que produz a história e que pode desenvolver uma postura mais crítica acerca da lógica capitalista (Acredito que essa postura crítica possa colocar o sujeito em lugar ativo nessa situação, tirando dele a vitimização na qual ele mesmo pode ser colocar para não ser também responsável pelas escolhas que faz.) .
Um exemplo (digno de revolta) é o Carnaval brasileiro, o qual, a princípio era um movimento expressivo que deveria auxiliar as mulheres a se aproximarem mais de sua sexualidade, rompendo com a moralidade conservadora. Entretanto, atualmente, esse movimento consiste em usar o corpo feminino, vinculando-o como sendo apenas um objeto de prazer sexual para os homens (Ora, não discuto aqui o limite entre liberdade sexual e promiscuidade, pois acredito que este limite é moral, mas questiono a banalização do corpo feminino por este movimento cultural citado pelos autores do artigo). Propagandas como as de cerveja fazem, pois, a mesma associação que o carnaval: corpo da mulher = (somente e tão somente) objeto de prazer sexual. E esta posição, além de vulgarizar o corpo feminino, contribui para um fenômeno que ainda prende as mulheres à necessidade de aprovação masculina para que se sinta satisfeita. E essa luta das mulheres para conquistar o desejo do homem é realizada através de suas formas exteriores, e quando esse corpo se volta para o desejo do homem, apenas a satisfação da própria mulher com seu corpo acaba se tornando insuficiente (No anexo 6, há um texto interessante do site http://tuliovillaca.wordpress.com, cujo título é “Funk, Freud, Feitiço, as Foguentas e as Fogueiras da Santa Inquisição”, trata de um novo posicionamento da mulher em relação a sua sexualidade fazendo links com cada tema do título. Como bons psicólogos em potencial acredito que deixaremos de lado todo o tipo de preconceito para tentar entender o texto.)
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Assim, a influência da mídia sobre o corpo da mulher é sustentada por uma ideologia (que nos remete novamente à docilização do corpo de Focault) na qual todas as correntes de poder que sustentam sistemas opressivos ao neutralizar e punir a resistência, produzindo participantes das relações sociais que sejam caracterizados por dominação, exploração e coerção. A luta contra o modelo imposto pelo mercado busca conservar a singularidade de cada mulher, desenvolver um pensamento crítico acerca dos padrões de corpo, de subjetividade e de comportamento que são impostos. A mídia tem funções mercadológicas e as mulheres tem motivações vinculadas ao desejo de ser-no-mundo. Conclui-se, assim, que de uma subjetividade e de um corpo recatados e dominados pelo sistema patricarcal passamos a uma subjetividade e a um corpo que busca se adequar a modelos impostos pela mídia. (Deixo  - para leitura, reflexão e quem sabe discussão -  do site http://www.algosobre.com.br, a desconstrução em forma de texto: “O Poder Fálico da Mulher e a Feminilidade no Homem” no Anexo 7). A mulher deve buscar a realização de suas potencialidades, como ser em construção que o é... e que possa construir-se a si mesma como mulher, pois sabemos que:  “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir) Podemos encerrar com o anexo 8, campanha do CFP sobre as mulheres. http://www.youtube.com/watch?v=vQaZCmBzI3g.






Fonte Imagem: http://sebprs.blogspot.com.br/


Até Mais,
Tah.